“Sair do assistencialismo e abranger as dimensões que vão além da carência material, dando visibilidade às gestantes e às famílias transformadas.” É assim que Marisa Terezinha Bertozo Silva define o Projeto Gestar, em que atua como
coordenadora.
Criado em 1977 por um grupo de voluntárias, o Gestar atende 380 mulheres gestantes por ano e seus bebês recém-nascidos por meio de acolhimento, orientação em saúde e confecção de kits de enxovais.
Sediado em um espaço especialmente projetado e construído para suas atividades desde julho de 2020, o Gestar está presente hoje em todos as unidades onde o CEAC conta com atividades: Núcleo Fortunato Rocha Lima, Ferradura Mirim, Jardim Ferraz, Vila Nova Esperança, Parque das Nações e Vila São Paulo. Nessas unidades e na sede (localizada na rua 15 de Novembro, 8-27), onde realiza cursos regulares e atendimentos emergenciais, 43 voluntárias se dedicam às atividades da sala de costura e 14 atuam como monitoras dos cursos para gestantes. Entre eles está a voluntária Fúlvia Caffêo, para quem participar do projeto é uma maneira de colocar em prática o que a doutrina espírita ensina, como solidariedade, acolhimento, empatia, dedicação e amor ao próximo.
“Procuro levar às gestantes a importância da maternidade, autoestima e as responsabilidades de uma família baseada nos princípios do amor e do companheirismo”, diz Fúlvia, que atua no Gestar desde maio de 1992.
O voluntário Mauricio Bittencourt não esconde o orgulho em participar do projeto. “O Gestar representa pra mim alegria, muito prazer e satisfação em ajudar nossas irmãs mais necessitadas. E o mais importante que não se trata de
assistencialismo, pois para ganhar o enxoval é necessária a realização do curso de gestante, por meio do que as futuras mãezinhas recebem orientações e cuidados que precisam ter com seus bebês”, explica.
As gestantes atendidas reconhecem o impacto positivo do Gestar em suas vidas. Lilian Maria Rodrigues
Bispo, que foi atendida pelo projeto em sua segunda gestação, conta que recebeu muitas informações que
desconhecia, o que mudou sua relação com a gravidez. “Passei a cuidar do bebê com mais atenção, a ter mais responsabilidade e até mesmo a cuidar mais de mim mesma, a ter mais amor e carinho. Foi muito bom fazer esse
curso, pois aprendi muitas coisas que não sabia”, afirma Lilian.
Aulas
Ao se inscrever no Gestar, a gestante assiste a oito aulas semanais e presenciais conforme cronograma estabelecido pela coordenação, com duração de duas horas cada.
Um dos objetivos principais é a orientação e o acolhimento para promover maior aceitação da gestação, estimular os cuidados materno, infantil, pré-natais e pós parto, prevenindo algumas complicações, entre elas o aborto, a
violência doméstica e o abandono. “Os acompanhamentos das famílias têm o objetivo de monitorar o desenvolvimento do bebê, estabelecer e incentivar o vínculo materno afetivo. Também visamos ao incentivo do planejamento familiar e controle de doenças”, explica Marisa.
Após a finalização do curso, a mãe recebe um kit de enxoval básico e uma banheira. Existem, ainda, as entregas de emergência para a mãe que não frequentou o curso, mas necessita do enxoval com urgência em razão do nascimento do bebê.
As aulas são ministradas por voluntárias de diversas áreas profissionais, que são distribuídas pelos núcleos e na sede e passam por reciclagem com profissionais da área de saúde. Também é utilizada apostila para que as multiplicadoras estejam sempre atualizadas.